Diante do evento epidemiológico mais relevante dos últimos tempos, é difícil não refletir sobre saúde.  Ficaram evidentes as fragilidades do sistema e como uma mudança de mentalidade é necessária. De acordo com a OMS, saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, que abrange muito mais que a mera ausência de doença ou enfermidade.

Na esfera física o setor evoluiu ao longo dos anos, gerando um aumento significativo da expectativa de vida do brasileiro. Por outro lado, ainda há um caminho grande a percorrer nas esferas de saúde mental e social. O que está acontecendo nesse período de pandemia nos dá uma amostra da seriedade do tema.

Pesquisas mostram que sintomas de ansiedade e depressão afetam 47,3% dos trabalhadores de serviços essenciais durante a pandemia de Covid-19 no Brasil. Mais da metade deles — e 27,4% do total de entrevistados — sofre de ansiedade e depressão ao mesmo tempo. Além disso, 44,3% têm abusado de bebidas alcoólicas; 42,9% sofreram mudanças nos hábitos de sono.

A pandemia está jogando luz sobre a saúde mental, que de longe não é um tema banal e muito menos sazonal. A população ainda possui um entendimento limitado sobre ela, seja carregado de preconceitos, ou falta de compreensão de suas dimensões. É mais comum relacionarem a saúde mental com casos clínicos complexos como esquizofrenia e distúrbios que exigem internações, tratamentos químicos e uso de ansiolíticos.

Mas pouco se fala sobre o equilíbrio, autoconhecimento, bem-estar mental, que traz, por consequência, qualidade de vida para o indivíduo, produtividade, e melhor convívio social.

As redes sociais virtuais também trouxeram mudanças sob ótica social, na qual as interações intermediadas pela tecnologia estabeleceram um novo jeito de pessoas se conectarem e conviverem em ambientes com diversidade. Que afetam claramente comportamentos e, por consequência, a saúde mental. O convívio e a relação social são partes preponderantes do bem-estar mental. Ter um relacionamento social saudável depende de mente saudável, e vice-versa.

Temos no Brasil profissionais de saúde mental extremamente qualificados, como terapeutas, psicólogos, psiquiatras, entre outros, prontos para ajudar o brasileiro a ter qualidade de vida a uma distância do toque do smartphone.

Então o que falta? Na nossa visão, aproximar as duas pontas, os indivíduos/pacientes aos profissionais de saúde. Hoje, tecnologias, como a telemedicina e novos projetos terapêuticos, possibilitam o acesso e a democratização da saúde mental.

Nosso papel como investidores é justamente questionar, de forma racional e independente, mudanças ao nosso redor e transformá-las em oportunidades de investimento.  Nós da Kamaroopin, acreditamos que grandes oportunidades geralmente possuem alguns fatores em comum: (i) surgimento de uma tendência secular irreversível; (ii) uma contradição na proposta de valor de soluções existentes frente à necessidade do consumidor; (iii) surgimento de estruturas, sejam tecnológicas ou não, que enderecem melhor a necessidade do consumidor.

E vemos na área de saúde mental essa oportunidade. Estamos trabalhando para trazer parceiros nessa jornada sob a ótica que cada vez mais as empresas têm um papel social e no fortalecimento do movimento ESG (Environmental, Social and Governance).

É só o começo de um projeto que busca a melhoria da saúde integral das pessoas, e a ampliação do conceito de saúde mental, oferecendo acesso, qualidade e proximidade, com terapias personalizadas que abranjam não só o bem-estar físico, mas principalmente o equilíbrio entre o bem-estar mental e social.

Fonte: exame.com / Por Bruno Tupinambá e Pedro Faria *