Embora muito frequente, doença ginecológica é pouco conhecida, nem sempre apresenta sintomas e pode passar despercebida.

As mulheres são comumente afetadas por inúmeras condições do aparelho reprodutor. Isso pode ocorrer durante os anos férteis e, às vezes, depois da menopausa. A adenomiose é uma dessas condições, e conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada dez mulheres no mundo pode ter a doença no período reprodutivo.

Segundo a ginecologista e obstetra Monique Marques de Souza, a condição ocorre quando o tecido que reveste o útero, o endométrio, cresce de forma anormal no miométrio, a camada muscular intermediária da parede uterina.

Assim, o acúmulo de fragmentos de endométrio no interior do miométrio pode formar tumores benignos conhecidos como adenomiomas.

Infelizmente essa alteração uterina pode gerar problemas de fertilidade na mulher, dificultando ou impedindo o processo de implantação do embrião.

Por que ocorre a adenomiose?

Não há atualmente nenhuma causa específica conhecida para a adenomiose. No entanto, ela pode surgir após danos ao revestimento do útero durante a gravidez, parto ou procedimento cirúrgico.

Acredita-se também que esteja relacionada à atividade hormonal dos ovários e à produção de estrogênio.

Tipos de adenomiose

Temos basicamente dois tipos de adenomiose:

Focal: quando há um foco em uma área muito bem definida.

Difusa: afeta todo o útero e não uma área específica. É o mais frequente.

Com base na localização do tecido endometrial no miométrio, também é feita a distinção entre adenomiose superficial (atinge até ⅓  da parede do útero) e profunda (acomete mais de ⅓  do órgão). Neste último caso, a paciente apresenta mais dor pélvica.

Sintomas de adenomiose 

De acordo com a dra. Monique, “é preciso lembrar que muitas vezes a adenomiose é assintomática”. No entanto, a patologia pode ser caracterizada por:

  • Aumento do volume do útero;
  • Cólicas menstruais intensas;
  • Aumento do fluxo menstrual, inclusive com coágulos;
  • Pressão e inchaço abdominais.

O diagnóstico 

Quanto ao diagnóstico, nem sempre é fácil defini-lo. Os sintomas da doença são inespecíficos (algumas mulheres podem manifestá-los e outras não) e podem coexistir com outras doenças pélvicas, dificultando o diagnóstico.

Os exames para fazer o diagnóstico são:

  • Exame clínico;
  • Ultrassom transvaginal;
  • Ressonância magnética: é útil nos casos em que o ultrassom não fornece informações suficientes, como por exemplo em pacientes com miomas.

Ainda conforme a médica, “o diagnóstico padrão-ouro é por histeroscopia, [em] que é [utilizada] uma câmera dentro do útero que retira aquele tecido diferente e depois o analisa (exame de anatomopatológico)”.

Tratamento da adenomiose

O tratamento da doença é específico e estritamente dependente das características da paciente e dos problemas apresentados.

A especialista explica que “todo o tratamento depende do grau de acometimento da paciente, o sintoma que mais ocorre e a sua expectativa reprodutiva”.

Portanto, em primeiro lugar, busca-se o alívio dos sintomas por meio de um tratamento farmacológico. Geralmente prescreve-se:

  • Anticoncepcionais hormonais. Adesivos, anéis ou pílulas anticoncepcionais ajudam a reduzir a dor e o sangramento associados. Os dispositivos intrauterinos só de progestógeno geralmente causam amenorreia (ausência de menstruação), o que pode proporcionar alívio;
  • Antiestrogênios;
  • Anti-inflamatórios não esteróides;
  • Análogos do hormônio liberador de gonadotrofina.

Você pode estar pensando que a adenomiose é muito parecida com a endometriose, mas ambas são condições diferentes. No entanto, as duas doenças podem estar relacionadas e não é incomum que coexistam na mesma mulher.

Porém, na endometriose há a presença de tecido endometrial que se deslocou para fora do útero; já na adenomiose também há tecido endometrial deslocado, mas no interior do útero (no miométrio), e não fora do órgão.

Logo, em decorrência de qualquer suspeita ou dor, marque uma consulta com seu médico.

Fonte: drauziovarella.uol.com.br